Câncer de ovário: falta de conhecimento sobre tema e diagnóstico tardio prejudicam tratamento

A data de 8 de maio marca o Dia Mundial do Câncer de Ovário, principal causa de morte entre os tumores ginecológicos. Apesar de sua alta taxa de letalidade, pouco se ouve falar sobre esta doença. Ainda faltam métodos de rastreamento para diagnosticá-la e os sintomas aparecem tardiamente, reduzindo a possibilidade de um tratamento bem-sucedido.

A doutora Alice Francisco, mastologista e dirigente da Maple Tree Cancer Alliance no Brasil, cuja sede está localizada em Sorocaba (SP), explica: “Para se ter uma ideia da gravidade desta doença, comparamos dados fornecidos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em 2020, houve 6.650 novos casos de câncer de ovário e 66.280 novos casos de câncer de mama. No ano anterior, foram registradas 4.123 mortes por câncer de ovário, frente a 18.068 óbitos por câncer de mama. Proporcionalmente, é uma neoplasia de baixa incidência na população feminina, mas de alta letalidade”

Sintomas e fatores de risco

“Quando o tumor é detectado no início, até 90% das mulheres sobrevivem por mais de cinco anos”, explica a especialista. “Contudo, muitas pacientes confundem os sintomas com outras doenças, sobretudo gastrointestinais. A mulher deve ficar atenta a sinais como inchaço abdominal persistente por mais de três semanas; dificuldade para alimentar-se; dor abdominal ou pélvica; necessidade urgente e frequente de urinar; mudança dos hábitos intestinais; alterações menstruais; cansaço anormal e sensação de peso, sobretudo ao redor do abdômen.”

Os fatores de risco incluem:

  • Idade: a maioria dos tumores de ovário se desenvolve após a menopausa. Metade dos casos é diagnosticada em mulheres acima de 63 anos;
  • Obesidade;
  • Gestação tardia (após os 35 anos);
  • Tratamento para fertilidade (fertilização in vitro);
  • Terapia hormonal com estrogênio após a menopausa;
  • Histórico familiar de câncer de ovário, câncer de mama ou câncer colorretal;
  • Histórico pessoal de câncer de mama.

A doutora Gabriela Filgueiras Sales, oncologista e vice-diretora da Maple Tree, ressalta um fato curioso: “Diversas formas de controle de natalidade, incluindo pílulas anticoncepcionais, laqueadura tubária e dispositivos intrauterinos, têm sido associadas a um menor risco de desenvolver câncer de ovário”.

Tratamento

Entre os tratamentos disponíveis atualmente, há cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia-alvo. “É importante que a paciente se sinta acolhida e amparada pela equipe médica”, lembra a doutora Gabriela. “Estes profissionais podem incluir nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos, além do próprio oncologista. Desta forma, é possível atenuar, por exemplo, alguns dos medos e efeitos colaterais relacionados à terapia.”

“Muitos pacientes oncológicos podem se beneficiar de uma vida mais ativa”, complementa a doutora Alice. “Os exercícios físicos melhoram a imunidade do organismo, acalmam a mente, aumentam a força e capacidade cardiorrespiratória, reduzem quadros depressivos e, ainda, podem ser uma forma de expandir seu círculo social.”

Sobre a Maple Tree Cancer Alliance

A entidade tem como pilar o acolhimento aos pacientes oncológicos em seu momento de maior vulnerabilidade. “Criamos programas de exercícios individualizados e gratuitos para ajudar as pessoas com câncer durante sua recuperação”, ressalta a doutora Gabriela Filgueiras Sales, oncologista e vice-diretora. “Também oferecemos orientação nutricional para ajudar a aliviar alguns dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer. Nossa proposta é possibilitar ao paciente viver com qualidade.”

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