Capacitação técnica dos profissionais é fundamental para a reabilitação de dependentes químicos

A capacitação dos profissionais que estão envolvidos no processo de recuperação dos dependentes químicos é essencial. Essa é a opinião de Leila Maria Catapani, que já atuou na Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, na Coordenação de Políticas sobre Drogas e atualmente é coordenadora terapêutica do Instituto Plenitude, localizado em Itu (SP). “A dependência química é uma doença multifacetada, que prejudica o indivíduo em todas as áreas da sua vida”, afirma a especialista. “Por isso, é fundamental que a equipe técnica que o acompanhará esteja capacitada e se mantenha atualizada acerca do que há de mais recente e eficaz em termos de tratamento”.

No Brasil existem poucos centros realmente capacitados para formar profissionais que atuam ou atuarão com dependentes químicos. A referência nacional nessa área, mais especificamente em problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas, é a Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (Uniad), ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A entidade foi fundada em 1994 pelos professores doutores Ronaldo Laranjeira e John Dunn.

De acordo com Leila, o Instituto Plenitude não apenas estimula como subsidia a capacitação da sua equipe técnica. “Para trabalhar aqui, cada profissional deve possuir especialização no campo em que atuará”, revela. Ainda segundo a coordenadora do Instituto Plenitude, que oferece subsídios à formação dos seus profissionais pela Uniad.

Basicamente, os profissionais do Instituto Plenitude, em suas respectivas áreas de atuação, passam por dois tipos de cursos. O primeiro é voltado às terapias cognitivas comportamentais aplicadas ao tratamento da dependência química.

O segundo foca na formação do profissional que atuará fornecendo orientações diretas aos dependentes químicos. “Isso envolve dominar habilidades para a realização de aconselhamento clínico individual ou grupal, tanto para os pacientes quanto para seus familiares”.

Nesses cursos são estudados os aspectos biológicos e psicológicos causados pelo uso de drogas psicotrópicas e as diferentes linhas de tratamento das dependências químicas, assim como noções básicas de prevenção, políticas públicas e organização dos serviços de apoio aos pacientes. “Neles, o profissional em conjunto com a equipe técnica, define o tratamento adequado para o paciente”, explica Leila.

Segundo a especialista, estas formações são de extrema importância, uma vez que as terapias cognitivas comportamentais são consideradas altamente eficazes no tratamento da dependência química. Isso se aplica tanto nos casos onde é o tratamento indicado, quanto naqueles onde deve ser associadas a outras abordagens. “No tratamento da dependência química, este conjunto de terapias também é considerado de extrema eficácia, já que associa terapias de reestruturação cognitiva, de treinamento de habilidades e de resolução de problemas”, explica Leila.

A terapia cognitiva comportamental têm se demonstrado eficaz no tratamento dos mais variados transtornos psiquiátricos e, também, na dependência química. “É uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos”, pondera Leila.

Embasada na teoria do aprendizado social, em que as pessoas adquirem novos comportamentos e sistemas de crenças como resultado de experiências vivenciadas, os pensamentos e crenças, muitas vezes distorcidos ou supervalorizados, mantêm o comportamento aditivo, fazendo com que o ciclo do uso se perpetue. O enfoque da terapia cognitiva comportamental prioriza o manejo e a compreensão do uso de drogas a partir do aprendizado e das crenças do paciente, que precipitam e mantêm o uso.

Fechando o ciclo do tratamento, a ação direta dos familiares é determinante para alcançar o sucesso. “Participando do tratamento, os familiares aprendem esses métodos terapêuticos, por meio de um treinamento sobre procedimentos e monitoramentos parental e, assim, passam a aplicá-los com o usuário e com o núcleo familiar”, pontua Leila.

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