Cirurgia oncoplástica evita a mutilação na retirada do tumor

Cirurgias oncoplásticas têm sido amplamente discutidas no país, sobretudo após a sanção da Lei nº 12.802, que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar a cirurgia reparadora em mulheres que retiraram a mama devido ao câncer. Contudo, seja por falta de profissionais habilitados ou pela infraestrutura defasada dos centros de saúde, menos de 10% das pacientes brasileiras submetidas à mastectomia têm acesso à cirurgia de reconstrução mamária imediata. Os dados são da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Em Sorocaba, o mastologista Gilson Stevão vem trabalhando para difundir esta prática. Ele foi o primeiro mastologista a realizar o procedimento completo, em dezembro do ano passado. Já houve, contudo, cirurgias realizadas combinadamente por mastologistas em conjunto com equipes de cirurgia plástica. “A cirurgia oncoplástica é, hoje, uma realidade na Mastologia. Não existe mais espaço para cirurgias mutiladoras, para efeitos desastrosos senão vergonhosos, na cirurgia do câncer de mama como já foi no passado. A oncoplastia já é condição indispensável no tratamento cirúrgico destas pacientes. Como bem definiu o Prof. Dr. Zucca, PhD, ‘é inconcebível a abordagem terapêutica de uma paciente com câncer de mama sem que a ela se ofereça a reconstrução mamária (cirurgia oncoplástica). A reconstrução deve ser considerada parte integrante do tratamento e está consolidada como padrão ouro na terapia desta doença’”.

De acordo com Stevão, no âmbito da formação médica, a cirurgia oncoplástica ainda não é uma especialidade nova, mas um aprimoramento para o mastologista. “Alguns hospitais do Brasil já contam com profissionais aptos a ensinar Oncoplastia a médicos residentes de Mastologia. A maioria dos centros que oferece formação médica em Mastologia já estão se adequando neste sentido”. Segundo Gilson, já existem cursos de aprimoramento para mastologistas formados que não tiveram a oportunidade de se aperfeiçoar na área durante o período de residência médica. “Em algumas instituições de saúde como o Hospital de Câncer de Barretos e o Hospital de Clinicas de Porto Alegre, entre outros, são oferecidos cursos de aprimoramento na área da oncoplastia, a fim de que os mastologistas possam ampliar seus conhecimentos e oferecer a seus pacientes o que há de melhor (padrão ouro) em reparação mamária”, disse.

Manutenção da autoestima e direito da mulher

A cirurgia oncoplástica é uma técnica reparadora, realizada após a retirada total ou parcial da mama, devido ao tratamento de câncer. Desde 2013, a Lei 12.802/2013 garante a pacientes o direito de realizar o procedimento por meio do SUS imediatamente após a retirada, se houver condições médicas, ou assim que a paciente apresentar os requisitos clínicos necessários. A reconstrução mamária imediata significa que a paciente passa por uma cirurgia plástica reparadora da mama no mesmo ato cirúrgico da mastectomia (cirurgia para retirada da mama) ou da cirurgia conservadora (que retira apenas parte da mama com o tumor). Com isso, a paciente evita nova cirurgia para realizar essa etapa, além de não passar pela experiência traumática de conviver com a deformidade na mama operada (cirurgia conservadora) ou com a ausência de uma das mamas (mastectomia).

A reconstrução mamária é direito de toda paciente e deve ser exigida junto ao SUS e aos planos de saúde antes de uma cirurgia mamária por câncer. Não há restrições etárias ou de outra ordem para o acesso a esse direito. Ainda assim, muitas pacientes sofrem por não conseguir realizar a cirurgia. Entre as principais dificuldades na rede pública, estão o baixo investimento do SUS para a realização do procedimento, bem como a falta de próteses e de especialistas disponíveis para a intervenção.

“O maior beneficio da cirurgia oncoplástica é a não mutilação. É possível dizer à paciente portadora de câncer de mama – cujo tratamento passará por cirurgia – que, além da cirurgia para remover o tumor, pode-se reconstruir suas mamas ou quiçá torná-las ainda mais bonitas na mesma cirurgia. O intuito é confortar a paciente, reafirmando todo o esforço do mastologista em tratar o câncer e também reconstruir as mamas”, declarou Stevão.

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