Dia Mundial do Sono alerta sobre um problema que atinge cerca de 40% da população mundial

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro em cada dez pessoas não têm sono de boa qualidade. Por isso, o Dia Mundial do Sono, instituído pela entidade, traz um alerta sobre a importância da temática. A data foi uma iniciativa da World Association of Sleep Medicine (Associação Mundial de Medicina do Sono) e é comemorada anualmente em 19 de março, em cerca de 80 países.

De modo geral, as pessoas passam 1/3 a 1/4 da vida dormindo. Por isso, cada vez mais o sono tem importância para a saúde das pessoas. Ele é induzido não somente pelo cansaço, mas também por fatores externos, como a luminosidade do ambiente, por exemplo. “Um dos hormônios que participam na indução do sono é a melatonina, que aumenta quando estamos no escuro”, conta o professor-doutor Fabio Tadeu Moura Lorenzetti, docente da disciplina de Otorrinolaringologia na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, ex-presidente do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, coordenador do Departamento de Otorrinolaringologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e otorrinolaringologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Um sono é considerado de boa qualidade quando é restaurador, ou seja, quando você acorda bem disposto. Isso tem a ver com o que denominamos de arquitetura do sono – a distribuição adequada dos quatro estágios que formam o sono – e de uma boa respiração enquanto dormimos”, detalha o especialista.

A respiração é um dos principais problemas da má qualidade do sono da maioria das pessoas. O ronco e a apneia obstrutiva causam a sensação de cansaço ao acordar, de uma noite mal dormida, mesmo que a pessoa tenha dormido por várias horas. As suas consequências costumam ser a irritabilidade e sonolência durante todo o dia.

Segundo o professor-doutor Fábio Lorenzetti, o exame considerado padrão ouro para diagnosticar os problemas do sono é a polissonografia. Trata-se de um teste multiparamétrico, geralmente realizado à noite, que consegue registrar as amplas variações biofisiológicas que ocorrem enquanto dormimos.

No caso do ronco e da apneia, existem vários tratamentos. “Entre os conservadores (não-cirúrgicos) podemos citar o CPAP, os aparelhos dentários, as terapias de fortalecimento da musculatura faríngea, dentre outros. Por sua vez, as diferentes técnicas cirúrgicas atuam na região do palato mole, da parede lateral da faringe e da base lingual. E as cirurgias nasais também podem melhorar a qualidade do sono e auxiliar no tratamento do ronco/apneia”, explica o professor da PUC-SP.

Nos últimos anos, surgiram diversos aplicativos e smartwatches desenvolvidos para, teoricamente, ajudar as pessoas a dormir melhor. “São ferramentas interessantes para monitorar algumas atividades que ocorrem durante o sono, mas ainda imprecisas. Se você estiver parado por algum tempo, por exemplo, algumas delas interpretarão como se estivesse dormindo”, pondera o professor-doutor Fábio Lorenzetti. “A tecnologia tende, cada vez mais, a se desenvolver na monitorização do sono. Possivelmente, um dia, consigamos utilizá-la ao lado da polissonografia, melhorando ainda mais a precisão dos diagnósticos e a qualidade de vida das pessoas.”

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