Realidade virtual leva pacientes com Alzheimer de volta ao passado

A realidade virtual está por toda parte – e, agora, também é usada para fazer o bem! O projeto britânico Wayback, criado por um trio de publicitários, proporciona experiências imersivas e cinematográficas a pacientes com mal de Alzheimer. A ideia é valorizar suas melhores lembranças e reduzir a frustração que vem junto à perda da memória.

Usando um par de óculos 3D e um smartphone, os idosos podem voltar ao passado – mais especificamente, no dia da coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953. As cenas foram recriadas com exatidão, usando atores e trilha sonora. O espectador pode ouvir conversas aleatórias, observar ao seu redor e explorar o ambiente, como se estivesse presente naquela data.

A partir de determinado estágio da doença, é difícil criar novas memórias. Então, uma boa solução é reviver emoções positivas. Um dos idealizadores, Dan Cole, comenta: “Se conseguirmos iniciar uma conversa ou proporcionar um sorriso, consideramos um sucesso”.

Quem lhe deu a ideia foi seu pai, vítima do Alzheimer. Enquanto passeavam pelo norte de Londres (Inglaterra), “ele reconhecia lugares e contava histórias. Tudo estava muito claro na sua mente; [Dan] podia fazer perguntas [sobre aquela época].”

Regravando o passado

As gravações levaram dois dias. Tudo o que remete ao século XXI foi digitalmente removido, para garantir precisão. Ao todo, 187 pessoas participaram do projeto, entre atores voluntários e a equipe de filmagem. Ao final do filme, lê-se uma dedicatória ao pai de Dan, morto em 2014.

Apoio da comunidade médica

O especialista David Sheard aprova o projeto Wayback. “Quem vive com Alzheimer se baseia mais em sentimentos do que em pensamentos”, explica. “Conforme as memórias declinam, as emoções se tornam mais confiáveis. Esta iniciativa oferece a oportunidade de voltar no tempo e se reencontrar.”

David prossegue: “O maior risco é perder a autoestima e sentir-se desconectado. Há alguns anos, considerava-se ético relembrar o paciente dos acontecimentos; porém, como podemos reinserir o que não existe mais no cérebro de alguém?”. Ele acredita que o bem-estar deve ser valorizado. “Os sentimentos provenientes desta experiência podem durar muito tempo.”

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