Vai um salzinho aí?

Ele está presente no churrasco do final de semana, nas refeições diárias e nos alimentos industrializados que o utilizam como conservante. O sal de cozinha é o cloreto de sódio. Cada grama dele contêm 0,4 g de sódio, íon essencial para o organismo porque facilita a retenção de água. Porém, quando o sódio é consumido em excesso, o sistema cardiovascular fica sobrecarregado caso a água não seja eliminada com eficiência.

Para as pessoas saudáveis, a dose máxima de sal recomendada pelo Ministério da Saúde é de 5 gramas por dia. Os brasileiros, no entanto, consomem em média cerca de 10 gramas, o dobro do recomendado, sem contar o sal dos alimentos ingeridos fora de casa.

Nos Estados Unidos, o cenário é ainda mais preocupante. Os homens norte-americanos ingerem, em média, 10,4 g de sal por dia e, as mulheres, 7,3 g. Lá, como aqui, hipertensão é moda. O risco de um americano que chegou aos 50 anos desenvolvê-la nos anos que lhe faltam viver é de 90%.

Por aqui, o sal está na mira das autoridades de saúde. Um acordo entre o Ministério da Saúde e os representantes da indústria alimentícia determinou a redução nos níveis de sal em vários tipos de alimentos, que será implantada ao longo dos próximos anos.

Por que, afinal, sódio em excesso faz mal?

O cardiologista Fábio Lourenço Moraes explica: “Isso acontece porque o sal em excesso leva a alterações hormonais e metabólicas, causando um aumento da pressão arterial e alterações nos vasos, principalmente nas artérias, aumentando o risco de complicações cardiovasculares, como infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Como a HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica) é uma doença silenciosa que produz aos poucos estas alterações, os pacientes muitas vezes não têm conhecimento do problema e, quando menos esperam, podem ser vítimas de quadros mais graves”.

Uma das funções dos rins é eliminar o excesso de sódio do corpo humano. Mas eles têm um limite, podendo, a longo prazo, causar doenças renais graves. Quando os vasos sanguíneos ficam cheios de sódio, eles começam a puxar mais água, o que é um processo químico natural. Porém, com a retenção do líquido, aumenta o volume dentro dos vasos, e consequentemente a pressão também aumenta, desencadeando um processo inflamatório nos vasos que leva a um maior esforço do coração para bombear o sangue e a um aumento do risco de complicações.

“Ocorre uma sobrecarga do sistema circulatório que, aos poucos, prejudica o funcionamento dos órgãos e lesiona a parede dos vasos – sem, contudo, causar dor, pois é uma doença silenciosa. Sobrecarregadas, essas artérias podem sofrer algum estreitamento repentino e ficarem obstruídas. Se isso ocorre no cérebro, causa um AVC; se é no coração, um infarto”, detalhou o cardiologista.

Por outro lado, se o consumo de sódio for baixo, acontece o processo contrário. O sangue circula mais lentamente, o que também prejudica a oxigenação das células, e pode causar desmaios – é a famosa pressão baixa. Por isso, durante uma crise de hipotensão arterial, é importante ingerir alimentos salgados (mas não exageradamente) e fazer reposição de líquidos.

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