O Dia Mundial da Saúde é comemorado em 7 de abril porque a data coincide com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948. O objetivo dessa comemoração é conscientizar a sociedade a respeito da importância de manter o corpo e a mente saudáveis e, também, falar de alguns problemas de saúde que atingem a população global, alertando sobre os riscos e ensinando sobre a prevenção.
Segundo Amanda Celeste Gonçalves Campos, especialista em Medicina Paliativa pelo HC-FMUSP e docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, o aprimoramento técnico-científico do diagnóstico e do tratamento foi a grande conquista da área da saúde no último século.
Por meio de inúmeras descobertas, o ser humano viabilizou a reversão de muitas doenças agudas, principalmente infecções, e o controle de outras doenças crônicas. “A expectativa de vida global mais do que dobrou neste período. Mas, apesar de se tratar majoritariamente de uma história de sucesso, ela trouxe também muitos infortúnios”, pondera.
A morte no contexto da saúde
A morte e o processo de morrer foram levados para dentro do hospital, especialmente para as Unidades de Terapia Intensiva, e passaram a ser encarados como inimigos em todos os contextos, temidos e obstinadamente combatidos até o fim, enquanto os pacientes acometidos por doenças irreversíveis, que limitam a continuidade de sua vida, são preteridos pela sociedade e pela cultura de saúde vigente, como se a incapacidade de se curar fosse uma derrota.
“Essa visão de mundo presume uma onipotência do sistema de saúde, assim como do indivíduo adoecido, que é inexistente, dada a fragilidade do ser humano, dos sistemas e das tecnologias por ele criados”, analisa Amanda Celeste. “Neste contexto, a próxima grande conquista da saúde deveria ser a globalização de uma cultura dos cuidados paliativos, que são uma abordagem em saúde que visa melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento físico, psíquico, social e espiritual de pacientes com doenças graves”, completa.
“O cuidado paliativo busca empoderar o paciente diante de um cenário sombrio de adoecimento, afirmar sua vida, reconhecer a morte como natural, ajustar tratamentos para alcançar objetivos que façam sentido para o indivíduo em um determinado momento de evolução da doença e prevenir que o sistema de saúde lhe provoque sofrimento infrutífero numa batalha orgulhosa contra o desfecho inevitável”, finaliza.