Em um dos recantos da fachada da Igreja do Santo Sepulcro, encontra-se uma peculiar escada de madeira. Conhecida como “a escada imóvel”, ela está ali desde o século XVIII e tornou-se um símbolo emblemático da complexidade religiosa e política de Jerusalém.
A persistência da escada naquele lugar é, em grande parte, devido ao Acordo Status Quo. Firmado durante o reinado otomano de Osman III no século XVIII, ele determina que certos espaços em Jerusalém não podem ser alterados a menos que todas as facções cristãs concordem com as mudanças. Em uma cidade repleta de tensões e rivalidades religiosas, esta cláusula já causou várias paralisações de iniciativas.
Apesar de algumas tentativas de remoção, como um roubo frustrado em 1981 e o ocultamento temporário em 1997, a escada sempre retornou ao seu posto. Houve apenas uma breve mudança em 2009, quando foi removida para restaurações na torre da igreja.
O motivo da presença da escada é assunto de disputa. Seis igrejas têm direitos sobre o Santo Sepulcro, e algumas crenças indicam que a escada pertenceria à Igreja Apostólica Armênia. No entanto, durante sua visita à Terra Santa nos anos 60, o Papa Paulo VI atribuiu à escada um significado mais profundo. Ele a via não apenas como um símbolo do Acordo, mas também como um retrato das divisões entre os cristãos, decretando que a escada só seria movida quando houvesse unidade entre eles.
É curioso notar que, em meio a todas essas tensões cristãs, uma família muçulmana mantém a tradição secular de guardar as chaves da igreja, uma responsabilidade passada de geração em geração.