Estudantes e profissionais de Medicina e Direito promoveram na noite de terça-feira (31), na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, a terceira edição do projeto “Maria Maria”, mesa-redonda para discutir violência doméstica e o perfil psicossocial do agressor.
Amanda Guedes, aluna do quarto ano de Medicina e uma das organizadoras do evento, falou sobre a importância de debater o assunto, tão pertinente nos dias atuais. “É essencial que as pessoas saibam identificar o momento em que a violência se instala, sobretudo as mulheres, que, muitas vezes, não denunciam o companheiro por medo ou por desconhecer seus direitos.”
A advogada Cíntia de Almeida, fundadora do Centro de Integração da Mulher de Sorocaba (CIM Mulher), destacou que mais de 50% das brasileiras sofrem algum tipo de violência dentro de casa. Segundo ela, o homem não nasce agressor, mas desenvolve tal conduta devido a más experiências vividas na infância e ao longo da vida. “Alcoolismo, drogas, falta de tolerância e de senso crítico influenciam diretamente em sua formação humana e social”, disse.
De acordo com a psiquiatra Elaine Henna, o comportamento agressivo faz parte da natureza humana, sendo este inerente a qualquer pessoa. O que determina se o indivíduo será violento ou não são as experiências vividas.
“Existe um período crítico na infância para o comportamento humano, que é entre dois e quatro anos de idade. Nesta fase, vivências negativas como agressão, abusos sexuais, alcoolismo e drogas na família e conflitos entre os pais ficam armazenados no inconsciente da criança, refletindo no futuro”, explicou.
A quantia arrecadada com as inscrições do evento será destinada ao CIM Mulher, entidade filantrópica que oferece, desde 1997, atendimento social, jurídico e psicológico às mulheres e seus filhos, vítimas de violência e abusos domésticos.