Segundo a endocrinologista Larissa Teles Sanches, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, nos últimos anos, aumentou significativamente a quantidade de mulheres que chegam ao seu consultório, bastante alarmadas com a descoberta de nódulos na tireoide. “É comum que elas pensem, num primeiro momento, que apresentem câncer de tireoide e, por isso, ficam muito preocupadas”, conta. “Porém, é importante salientar que apenas uma minoria desses casos representa, realmente, um câncer”, tranquiliza a médica.
A explicação para esse aumento está ligada, principal e diretamente, a dois outros fatores. “Cada vez mais, médicos desta e de outras especialidades têm solicitado exames de imagem da região da cabeça e do pescoço, além da melhora na qualidade dos equipamentos de ultrassom utilizados”, explica Larissa Teles. “Em outras palavras, o que cresceu não foram os casos de nódulos na tireoide, mas, sim, a quantidade de casos identificados”, destaca. Segundo a médica, vários estudos chegam a sugerir a presença de algum nódulo tireoidiano em até 50% da população.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a presença de um nódulo na tireoide, região anterior baixa do pescoço, normalmente não é indicação da presença de um câncer. Entretanto, a ocorrência de nódulo tireoidiano em pacientes com história de irradiação prévia do pescoço ou história familiar de câncer da tireoide, é mais suspeito. “Nódulos em homem e nódulos de crescimento rápido também requerem maior atenção”, alerta.
Em média, somente 5% de todos os nódulos são câncer. Larissa explica que a tireoide é uma glândula em forma de borboleta localizada no centro do pescoço, que fabrica os hormônios tireoidianos. Embora relativamente pequena, ela desempenha papel fundamental no funcionamento de muitos órgãos importantes, incluindo o coração, cérebro, fígado, rins e pele.
“Para a saúde geral do nosso organismo, é fundamental que a glândula tireoide se mantenha saudável e funcione corretamente”, explica a médica. Problemas de tireoide são bastante comuns. As patologias com maior incidência são o hipertireoidismo, hipotireoidismo, bócio, nódulos tireoidianos, tireoidite e, inclusive, o próprio câncer de tireoide. “De todos, o hipotireoidismo, ou seja, a redução da quantidade de hormônio produzido pela tireoide, e o hipertireoidismo, a hiperatividade da glândula, são os casos mais comuns e podem causar mudanças hormonais, emocionais e físicas no corpo”, detalha Larissa.
Muitos dos sinais e sintomas dos distúrbios tireoidianos são tão comuns que, muitas vezes, são ignorados ou até mesmo diagnosticados como outra patologia. “Para dificultar ainda mais, eles tendem a variar de pessoa para pessoa”, conta Larissa.
A endocrinologista enumera alguns sinais que podem indicar que a tireoide não está funcionando bem. “Sensação de cansaço acima do normal, mudanças súbitas no peso corporal, depressão ou ansiedade, alterações no ciclo menstrual, perda de cabelo súbita, sensações de muito calor ou frio pelo corpo, rouquidão ou desconforto no pescoço, problemas intestinais, pele seca ou dores musculares e articulares podem ser indícios importantes. Nesse caso, procurar um médico é o melhor caminho”, orienta.