Todos os dias, os mais de 400 pacientes do Hospital Psiquiátrico Vera Cruz cantam, dançam e divertem-se com as músicas e entrevistas conduzidas no estúdio da rádio comunitária da própria instituição, que funciona nas suas dependências. “Esta é mais uma das atividades que promovemos para estimular interação e alegria”, resume Vagner Jimenes, diretor comercial da Associação Paulista de Gestão Pública (APGP), que administra a unidade desde março deste ano.
Atua como locutor da rádio o educador físico Claudinei Siqueira (foto) – ou Nei, como é mais conhecido. “Sinto-me realizado quando os pacientes soltam a voz ao vivo”, diz. Todos que circulam pela área de convivência podem ouvir a programação.
Vários dançam assim que as canções começam a ser tocadas. O sertanejo é o ritmo preferido da maioria, mas a programação inclui diversos outros gêneros. Há, também, quem apenas acompanhe auditivamente. “É possível perceber que todos prestam atenção, pois, quando interrompemos a música, os pacientes se manifestam com gestos ou olhares”, explica Nei.
O educador físico trabalha em outras instituições sorocabanas que atendem pessoas com diferentes necessidades, patologias e idades. “Mas é aqui onde me emociono bastante”, confessa. “Deparo-me com coisas que eu achava que sabia e, na verdade, não sabia”, conta. “Na verdade, aprendo muito com eles, seus mundos próprios e suas reações e emoções.”
Segundo Nei, a música atrai os pacientes e torna possível aproximá-los, incentivando a comunicação. Ele também comanda duas oficinas artísticas: de dança e de capoeira. As de dança são realizadas separadamente, na ala feminina. Logo nos primeiros acordes, o local fica lotado. As pacientes apreciam os mais diversos estilos, como samba, axé, rock e MPB. Com seu pandeiro, Nei se torna o DJ e animador desses encontros. “A sensação de felicidade das mulheres é indescritível”, destaca. “A ação faz bem a elas e, mais ainda, a mim”, finaliza.