Muita gente confunde porque os sintomas são parecidos, mas intolerância à lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) são distúrbios diferentes, embora ambos acometam o sistema gastrointestinal.
O primeiro se caracteriza pela falta da enzima que quebra a lactose (açúcar do leite), dificultando a digestão e a absorção dos alimentos que a contém. Já o segundo é uma resposta imunológica contra a proteína do leite de vaca que está sendo ingerida. Mas o que causa estas doenças?
De acordo com a médica pediatra atuante em alergologia Ana Elisa Garcia, da clínica Vitamed Sorocaba, no caso da intolerância à lactose é a ausência ou deficiência da lactase (enzima responsável pela digestão e absorção da lactose, o açúcar do leite).
“Pode ter causa congênita, alteração genética ou surgir como consequência de alguma doença que agrida a mucosa intestinal, como doença celíaca, desnutrição, gastrenterite e parasitoses, por exemplo”.
Já no caso da Alergia à Proteína do Leite de Vaca o que pode justificar o desenvolvimento deste processo alérgico é a imaturidade da barreira intestinal dos bebês e o alto potencial das proteínas do leite de vaca em causar alergias. “Independentemente do distúrbio, em ambos os casos o paciente precisa de uma dieta restrita e balanceada.”
Ana Elisa explica que indivíduos com intolerância à lactose devem excluir da dieta, ou pelo menos ingerir em pouca quantidade:
- alimentos feitos a partir do leite, como queijo fresco, maionese industrializada, margarina, manteiga, creme de leite, leite condensado, leite em pó, integral ou desnatado, coalho e laticínios em geral, incluindo, ainda, iogurte, sorvete e bebidas mistas de leite.
- alimentos ricos em amido, como pães, biscoitos, panquecas e bolos, também devem ser evitados, pois costumam levar na preparação leite em pó ou produtos lácteos. “A dieta dependerá do grau de intolerância que varia de pessoa para pessoa”, orienta a alergologista.
Quando diagnosticada a doença, o médico responsável pode recomendar a ingestão da enzima que digere a lactose e que está à venda nas farmácias. Assim, o paciente poderá consumir produtos derivados do leite sem sofrer com os sintomas do distúrbio, que são vômitos, refluxo, distensão abdominal, cólicas e diarreia sem sangue. Segundo Ana Elisa, dependendo do tipo de deficiência da enzima responsável pela digestão da lactose, os sinais da intolerância podem aparecer logo nos primeiros meses de vida ou somente após os cinco anos.
Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV)
A patologia se manifesta logo nos primeiros meses de vida, quando o sistema imunológico ainda está imaturo e encara a proteína do leite como um agente agressor. Isso explica o desaparecimento da doença aos cinco anos de idade, aproximadamente.
“Este tipo de alergia tende a desaparecer assim que o sistema imunológico se desenvolve por completo. Antes disso, é preciso excluir da dieta da criança o leite de vaca e seus derivados, substituindo pelo uso de fórmulas lácteas especiais, com acompanhamento médico especializado.”
A APLV se manifesta por meio de lesões de pele e/ou diarreia (com ou sem sangue), inchaço ou dor abdominal, constipação e falta de apetite, refluxo ou vômitos e dificuldade em ganhar peso. A médica reforça que sintomas respiratórios como chiado no peito, tosse, nariz escorrendo ou entupido, quando apresentados isoladamente, não indicam APLV. “É raro. Caso aconteça, estarão associados aos sintomas citados anteriormente, mas não isolados”, destaca.
Possíveis complicações
Ana Elisa explica que ser portador da intolerância ou alergia não implica em problemas mais graves. O risco está nas complicações de sintomas severos, como vômitos persistentes, que podem levar à desidratação ou desnutrição; ou sangramento excessivo nas fezes, que pode ocasionar anemia grave e descompensação cardiorrespiratória. “Uma situação extrema seria um quadro de anafilaxia, com edema de glote e insuficiência respiratória grave. Mas é um evento muito raro, que pode acontecer apenas em pessoas com Alergia à Proteína do Leite de Vaca, mas nunca em pacientes com intolerância à lactose”, avisa.
(Via Revista Salute)