Trinta e um de maio foi instituído como o Dia Mundial sem Tabaco. De acordo com recente publicação do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de número absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens). A nível global, o cigarro é responsável por uma em cada 10 mortes.
A fim de contribuir com a redução destes números, a Unimed Sorocaba criou no ano passado o programa antitabagismo “Viva Bem”. A iniciativa está em fase de aperfeiçoamento e é voltada a clientes com mais de 18 anos de idade que desejam abandonar o vício, como é o caso da beneficiária Sandra Skif Costa, que se tornou exemplo de superação.
A funcionária pública aposentada fumou durante quase 40 anos até largar o cigarro definitivamente no último dia 3 de fevereiro. Sandra fumava, em média, um maço a cada um dia e meio. “Para muita gente, o café é um gatilho para fumar. No meu caso, a vontade era mais forte quando ficava muito nervosa ou depois de comer, principalmente doce. Fumava o dia todo, desde quando acordava até a hora de dormir”, conta.
Sobre o período de abstinência, a aposentada conta que não sente falta do cigarro, mas que vez ou outra sonha que está fumando. Ela diz que o apoio psicológico é essencial para se manter firme. “É a maior ajuda que a pessoa pode receber nestes momentos”, disse Sandra, que participou do programa da Unimed Sorocaba durante três meses.
Wlademir dos Santos Junior, coordenador médico do setor da Hemodinâmica do Hospital Dr. Miguel Soeiro (HMS), esclarece que o tabagismo, ainda que não associado a outros fatores, pode causar graves obstruções no coração e em outras artérias do corpo.
“Quando associado a fatores como hipertensão arterial, elevação de colesterol e diabetes, por exemplo, aumenta em oito vezes as chances de o indivíduo ter doenças cardiovasculares, que são a maior causa de morbidade e mortalidade do mundo ocidental. A tolerância com o fumo tem de ser zero, devido, sobretudo, à alta probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular, além de complicações em órgãos como o pulmão e a incidência de alguns tipos de neoplasias”, afirma.
O programa
O “Viva Bem” realiza quatro reuniões por mês com uma equipe multiprofissional formada por profissionais de enfermagem, nutrição, educação física e psicologia. A participação pode ser voluntária, por encaminhamento médico ou pelo programa TeleSaúde.
Segundo Andreia Dalboni, coordenadora do Espaço Viver Bem – unidade que sedia e realiza o programa -, o acompanhamento dura aproximadamente quatro meses. “O participante conta com telemonitoramento da enfermagem a cada 15 dias – o profissional liga para ele neste período para saber como ele está reagindo ao programa e, se for o caso, realiza visita pessoal -, aplicação de protocolos como o Tolerância de Fagerstrom e encaminhamento médico quando há necessidade ou desejo do paciente de contar com ajuda de medicação para a cessação do tabagismo.”
Além disso, durante as reuniões, acrescenta Andreia, a equipe multiprofissional trata dos riscos do fumo; oferece suporte por meio de grupos nos quais todos têm o mesmo objetivo, que é parar de fumar; dá suporte emocional a questões relacionadas à cessação do tabagismo e orienta sobre alimentação saudável e propõe atividades físicas que contribuirão para uma vida mais saudável. O projeto foi criado em novembro de 2016 e conta atualmente com 14 inscritos.