Em 27 de setembro, comemora-se no Brasil o Dia Nacional de Doação de Órgãos, instituído pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) a fim de conscientizar as pessoas sobre a importância de ser um doador. Em Sorocaba, o Hospital Santa Lucinda é referência no assunto, sendo o único complexo de saúde da região habilitado a fazer transplantes renais.
A instituição realiza as duas modalidades usuais de transplantes de rins, com órgãos captados de doadores vivos (parentes ou não) e doadores falecidos. Desde 1992, já concluiu mais de 200 procedimentos – somente entre os dias 25 de julho e 26 de agosto deste ano, foram realizados cinco transplantes renais.
Números sólidos mostram que, estatisticamente, de janeiro de 2012 pra cá, foram realizadas 77 cirurgias de transplantes. Destas, de acordo com o coordenador da equipe de transplante renal do Hospital Santa Lucinda, Francisco Antônio Fernandes, 76% dos pacientes estão com seus rins funcionando adequadamente. Segundo o médico, mais de 90% destes transplantes foram realizados com órgãos de doadores falecidos, ou seja, que chegaram no estado neurológico de morte cerebral. Os órgãos vieram todos pelo Sistema Nacional de Transplantes, através da Central do Estado de São Paulo do Interior, com sede em Ribeirão Preto (SP).
“Os rins vieram de Rio Preto, Ribeirão Preto, Botucatu, Araraquara, Sorocaba e Itu, entre outras cidades do interior de São Paulo. No ano passado, foram realizados em Sorocaba 16 transplantes de rim; neste ano, até agosto, 11”, detalha o coordenador.
No Hospital Santa Lucinda, as cirurgias de transplante são todas realizadas via Sistema Único de Saúde. A equipe responsável é composta por médicos nefrologistas, cirurgiões transplantadores e anestesistas, além dos intensivistas que desempenham função primordial no pós-operatório.
Já a equipe clínica de atendimento ambulatorial dos pacientes que serão transplantados ou que já receberam o órgão é constituída pelos médicos Ronaldo D’Avila, Francisco Antônio Fernandes (coordenador), Vinícius Paulon e Rafael Yuri Sano. Já os cirurgiões que realizam atualmente os procedimentos a qualquer hora durante todo o ano, é formada pelos médicos Marcelo Gabaldo e Otávio Moreira.
Como funciona o processo de doação
De acordo com Francisco, o sistema de captação e transplante de órgãos no país é altamente confiável e os órgãos são distribuídos por critérios de compatibilidade, ou seja, sempre o receptor com maior compatibilidade com o doador é que deverá ser transplantado. Com isso, os resultados melhoram muito e o número de perdas por rejeição aguda diminui consideravelmente. Atualmente, no Hospital Santa Lucinda, cerca de 50 pacientes aguardam na fila para receber o transplante de rim.
Estes indivíduos passam por consultas periódicas com a equipe de transplante renal do HSL, que atualiza os exames pré-operatórios, bem como checa o estado clínico de cada um dos potenciais receptores. Para quem é portador de insuficiência renal crônica, o transplante é a melhor forma de se ter uma vida com mais normalidade, embora nem todos com problemas renais crônicos possam se beneficiar deste procedimento.
O Estado de São Paulo possui três polos regionais de doação: Capital, Campinas, Vale do Paraíba e Baixada Santista e Interior, da qual Sorocaba faz parte. São, portanto, três filas de transplante no Estado e os órgãos são distribuídos por compatibilidade dentro das regiões onde se encontram os doadores.
Quando não há receptores habilitados dentro das regiões, os órgãos são ofertados para as demais regiões do Estado de São Paulo e, em casos mais raros, rodam para todo o país – tudo para diminuir as perdas de órgãos por falta de receptor habilitado.
Como ser doador?
Não é necessário deixar nada por escrito para ser doador de órgãos, mas é fundamental comunicar à família o desejo da doação. Isso porque é ela quem irá decidir pelo ente falecido e deverá fazê-lo por escrito. No Brasil não é possível deixar esta vontade expressa legalmente. Quando a pessoa não avisa, a família fica em dúvida. Os doadores de órgãos são aqueles indivíduos que por algum motivo chegam ao estágio de morte encefálica, normalmente vítimas de acidentes com traumatismo craniano ou vítimas de acidente vascular cerebral, na maioria das vezes.