No início de novembro, três nações se mobilizaram para realizar uma única transfusão de sangue. Kim Dong-geum (72) havia sido internada no Severance Hospital, na Coreia do Sul, e precisava passar por uma cirurgia cardíaca, que exigiria transfusão de sangue.
Porém, havia um problema: devido ao seu tipo sanguíneo raríssimo, não havia bolsas em estoque no seu país.
Kim tem o que chamamos de “sangue dourado”, que pode ser doado a qualquer pessoa. Trata-se do fator Rh nulo, encontrado em apenas 43 indivíduos pelo mundo. Quem se encaixa neste grupo só pode receber sangue Rh nulo.
Hoje, são nove os doadores ativos, espalhados por diversos países.
Enquanto os médicos se preparavam para operar a endocardite infecciosa de Kim, a Cruz Vermelha da Coreia do Sul buscava por doadores. Foram encontradas quatro pessoas compatíveis, contudo, elas não estavam em condições de doar sangue.
O próximo passo foi recorrer ao Japão.
Felizmente, seu governo armazenava bolsas de sangue Rh nulo congelado.
Cinco unidades foram prontamente transportadas de avião até a Coreia do Sul. O processo de descongelamento foi feito na base militar americana em Pyeongtaek, único lugar no país onde há os materiais necessários para este procedimento.
O último obstáculo foi enfrentado pelo cirurgião vascular Lee Seung-hyeon. Ele precisou realizar incisões mínimas, para evitar a perda excessiva de sangue durante a operação. Mesmo assim, o coração de Kim parou por 36 minutos. Logo que recebeu a transfusão, voltou a bater normalmente.
A sul-coreana passa bem.
“Gostaria de agradecer a todos que conseguiram este sangue raríssimo e aos doadores, ainda que eu desconheça seu nome ou seu rosto”, declarou, ainda no hospital.