Ao ser vítima constante de violência física, psicológica ou verbal, uma criança apresenta envelhecimento celular avançado, indica estudo da Duke University (EUA). Conforme explica o autor da pesquisa, Idan Shalev, caso as sequelas não sejam devidamente tratadas, estes jovens correm risco de morte prematura.
Alterações genéticas perduram até a fase adulta
Anteriormente, outros cientistas haviam feito a leitura de porções de DNA denominadas telômeros. Estas estruturas formam as extremidades dos cromossomos.
Sempre que uma célula se divide, os telômeros se encurtam um pouquinho mais. Por não se regenerarem, chegará um momento em que eles não permitirão mais a divisão da célula. Assim, quando todos os telômeros se esgotam, o organismo chega ao fim da vida.
Sabia-se que, após uma infância turbulenta, os adultos apresentavam telômeros mais curtos. Porém, ninguém entendia o porquê. Coube a Shalev e sua equipe buscar a resposta.
Estresse cumulativo: uma nova epidemia infantil
A pesquisa abrangeu 236 americanos, nascidos entre 1994 e 1995. Foram colhidas amostras de DNA das suas bochechas, a fim de comparar as dimensões dos seus telômeros aos cinco e dez anos de idade.
Aos dez anos, algumas das crianças estavam até mesmo sob medidas protetivas. Nas entrevistas com as mães das crianças, revelou-se que 17% das agressões aconteciam em casa; 24%, na escola e 26,7% eram abusos físicos cometidos por um adulto.
Mas, como nem todos os participantes passaram por experiências similares, foi necessário dividi-los em grupos: aqueles com um cotidiano pacífico (54%), os que passaram por algum tipo de violência (29%) e quem sofreu dois ou mais tipos de violência (16,5%).
Quanto maior a brutalidade vivenciada por uma criança, mais rapidamente seus telômeros encurtavam.
As características físicas não influenciaram nos resultados. As alterações genéticas são decorrentes, de fato, do estresse cumulativo. Ainda não está clara a relação entre estes dois fatores – porém, uma das hipóteses é a inflamação persistente, uma resposta imunológica do organismo.
Shalev acredita que há esperança de impedir o encurtamento dos telômeros na fase adulta. Algumas de suas sugestões incluem uma dieta saudável, a prática de atividades físicas e a meditação. Os pesquisadores, agora, planejam entrar em contato com os participantes da pesquisa, que já completaram 18 anos.
(via Live Science)