Durante mais de sete horas, autoridades debateram, na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), a produção e utilização de radioisótopos na medicina. O evento foi organizado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), tendo a participação da Campanha de Proteção Radiológica da América Latina (Latin Safe) e da PUC-SP – a qual poderá ser parceira nesse projeto, por meio da FCMS.
A mesa de abertura dos trabalhos foi formada pelo vice-reitor da PUC-SP, professor Fernando Almeida; pelo diretor da FCMS, professor Luiz Ferraz de Sampaio Neto; e pelo coordenador do projeto na CNEN, José Augusto Perrotta. Diversos docentes e alunos dos três primeiros anos do curso de Medicina também participaram do workshop.
Na saudação de abertura, o professor Luiz Sampaio destacou que a iniciativa do Ipen em procurar a Universidade está alinhada a um dos principais objetivos da gestão da FCMS e da Reitoria: ter a inovação como norte. “Recentemente, foi aprovado no Conselho Universitário (Consun) um novo programa de pós-graduação em Biomateriais e Medicina Regenerativa. Isto está, da mesma forma, relacionado à inovação”, lembrou.
Sampaio ainda citou o fato de que a PUC-SP está presente no Parque Tecnológico de Sorocaba desde sua criação. Agora, com o Ipen, CNEN e Latin Safe, há a possibilidade de caminhar junto a eles no projeto de instalação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). “Dominar a energia nuclear para fins pacíficos e ligados à saúde é algo muito esperado por todos e, certamente, será um novo caminho para as nossas pesquisas”, enfatizou.
Para o vice-reitor da PUC-SP, professor Fernando Almeida, receber o grupo de entidades é motivo de felicidade para o campus e para a Universidade. “Trata-se de um evento muito importante, pois coloca a comunidade científica da área de medicina nuclear em contato com os nossos alunos e docentes”, afirmou. “Será muito valioso conhecermos as entranhas desse trabalho”, completou.
Já o coordenador do projeto RMB no CNEN, José Augusto Perrota, agradeceu à PUC-SP pela possibilidade de apresentar o workshop, o RMB e os radiofármacos para a comunidade. “Nosso objetivo é dotar o Brasil de uma estrutura de base para ter um reator nuclear – com toda a infraestrutura de laboratórios voltados à produção de radioisótopos – para, depois, produzir radiofármacos e gerar um polo de ciência e tecnologia de energia nuclear para a área da saúde”, elaborou. “A ideia é iniciar um contato para uma parceria futura, como se fosse (a FCMS) um laboratório de extensão no desenvolvimento de pesquisas e inovações”, pontuou.
Segundo o governo federal, a construção do primeiro RMB acontecerá dentro de um complexo com dois milhões de metros quadrados em Iperó (SP). Ela permitirá que o Brasil se torne autossuficiente em radioisótopos, matéria-prima para a produção de radiofármacos (principalmente para combater doenças como câncer, infecção, distúrbio autoimune, artrite reumatoide, HIV e hepatite C) e diagnósticos. Isto representará mais remédios para tratamentos graves e menos custo para o Sistema Único de Saúde. Ainda de acordo com o governo, os investimentos são da ordem de R$ 750 milhões, provenientes do orçamento do Ministério da Saúde.
Ao longo do dia, foram proferidas as palestras “Do radioisótopo à medicina nuclear” (Renato Dimenstein), “O RMB e as suas possibilidades” (Perrotta), “Radiofármacos” (Jair Mengatti), “As possibilidades na medicina nuclear (Carlos Alberto Buchpiguel), “A importância da regulação e do apoio das sociedades profissionais nos usos de radiação e radioisótopos na medicina” (Roberto Segreto), “Por que a medicina brasileira precisa do reator multipropósito” (Cláudio Tinoco Mesquita), “Os profissionais que atuam com radiação na área da saúde” (Rosângela Corrêa Villar) e “Radiologia em radioterapia” (Helena Regina Comodo Segreto).