A cada ano que passa, o mercado de trabalho fica mais competitivo e exige maior qualificação profissional – tanto que mesmo os mais experientes estão buscando se especializar. Com isso, cada vez mais os brasileiros maiores de 30 anos estão ingressando nas universidades.
Segundo o Ministério da Educação, um em cada quatro estudantes que inicia a faculdade tem mais de 30 anos. No Brasil, um dos cursos mais procurados é o de direito. Exemplo disso é a Faculdade de Direito de Itu (Faditu), que conta, atualmente, com 115 alunos mais experientes matriculados. “Entre os formandos do ano passado, 43 alunos tinham idade acima dos 30”, relembra Camila Boscariol, supervisora de Marketing da instituição de ensino.
Camila prossegue explicando que pessoas mais maduras são uma realidade em todos os anos do curso. “Acima dos 30, temos 32 alunos no 3º semestre, 31 no 5º semestre e 20 no 7º semestre. Neste ano, teremos como formandos 32 alunos com idade mais avançada”, detalha.
Entre os formandos de 2014 está Vera Lúcia de Campos Silva, de 55 anos, que decidiu na maturidade mudar a sua área de atuação. “Eu já cursei a faculdade de biologia e exerci essa profissão por 15 anos, trabalhando em laboratórios e em bancos de sangue”, conta, acrescentando que considera a área da saúde estressante pela inconstância dos horários. Há 10 anos, ela migrou para outro ramo: agora, trabalha na administração do condomínio onde mora. Vera confessa: “Na juventude, quando fui prestar vestibular, escolhi os cursos de biologia e de direito. Acabei sendo aprovada na primeira opção, mas sempre quis ser advogada e passei muito tempo frustrada por isso. Após me formar, o que deve acontecer neste ano, pretendo, finalmente, exercer a função que sempre sonhei”.
Já José Luiz Alves, de 59 anos, que se formou na Faditu no ano passado, é oficial de justiça. Por ser funcionário público concursado, poderia se acomodar e não buscar se qualificar, mas é um aluno aplicado. Ele foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil quando estava no 4º ano do curso e já está focado em estudar para concursos com maior remuneração. “Já me inscrevi para dois concursos com previsão de provas para o primeiro semestre deste ano: cartório extrajudicial dos estados da Bahia e de São Paulo. Estou buscando uma aposentadoria mais tranquila”, comenta.
Caso José seja aprovado, certamente alcançará seu objetivo, pelo menos financeiramente. O salário médio de um oficial de justiça é de R$ 3.200, enquanto o de um funcionário de cartório extrajudicial pode chegar a R$ 14 mil.
E engana-se quem pensa que a diferença de idade atrapalha a convivência em sala de aula. Vera Lúcia conta que o convívio é muito saudável. “Aprendo com eles a cada dia, é uma troca de experiências constante”, declara a formanda. “Inclusive, fui eleita pelos alunos mais jovens a representante da sala na comissão de formatura”, comemora Vera.