Os brasileiros estão bebendo mais vinho. Dados das últimas edições do Anuário do Vinho mostram que o consumo da bebida cresce à média de, aproximadamente, 20% ao ano, uma das maiores taxas mundial. O hábito, contudo, está ficando cada vez mais caro para os apreciadores da bebida. Se já não bastasse a alta do dólar, que impacta diretamente nos preços dos vinhos importados, o governo federal pretende, a partir de 2016, aumentar os impostos que incidem sobre todos os destilados, espumantes e vinhos. “Vamos ter de encontrar uma solução para não repassar esse aumento ao consumidor”, diz Marcos Atalla, sócio do restaurante La Doc, de Sorocaba.
As elevações das cargas tributárias só podem ser implantadas com ato legal da Receita Federal. Porém, como o anúncio foi feito pelos ministros da Fazenda e Planejamento durante a apresentação do projeto do orçamento de 2016, a medida é tida como certa. “É uma pena”, resume Atalla. “Afinal, o aumento do interesse dos brasileiros por vinhos nacionais e importados também estimulou a abertura de novas empresas, especializadas no comércio desse tipo de bebida, fato que ampliou as oportunidades, reduziu os preços e elevou a qualidade dos vinhos à disposição dos brasileiros”, pondera.
“Recentemente já tivemos de absorver um aumento de 30% nas taxas que incidem sobre o transporte de vinhos e, agora, teremos de administrar esta outra elevação”, pondera Rubinho Cardieri, proprietário do restaurante Vila Florinda e do bistrô Ledz, também de Sorocaba. De acordo com o empresário, o consumidor final só não sentiu no bolso o peso desses aumentos porque os fornecedores decidiram não repassá-los integralmente aos restaurantes e estes, por sua vez, tiveram a mesma política para não inflacionar os preços dos menus. “Cada vez mais estamos diminuindo a nossa margem de lucro e, se continuar assim, chegará uma hora em que a situação se tornará insustentável”, alerta.