Na medida em que os idosos vão envelhecendo, o paladar torna-se menos aguçado e isso pode levá-los a se alimentar inadequadamente. Produtos como refrigerantes, sucos prontos e outros alimentos industrializados apresentam, normalmente, altas doses de sódio e açúcares. A consequência é o aumento da probabilidade de surgirem ou se agravarem doenças como obesidade, diabetes e hipertensão arterial.
A diminuição gradativa do paladar leva os idosos a perder a vontade de se alimentar corretamente, aumentando a carência de determinados nutrientes e vitaminas e podendo desencadear um quadro de desnutrição. Uma das soluções para que as comidas satisfaçam o paladar da terceira idade é a utilização de ingredientes naturais, como ervas, alho, cebola, manjericão, orégano, entre outros. E, para evitar refrigerantes e sucos prontos, a maioria das frutas proporciona sucos naturalmente adocicados.
A professora-doutora Maria Beatriz Montaño, da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, explica a questão. “Em idosos, como parte do envelhecimento normal, há declínio do sistema sensorial [paladar, olfato, audição, visão e tato]. Inicialmente, isto passa despercebido, mas, como é algo gradual e que ocorre ao longo de vários anos, pode levar a mudanças na funcionalidade e perda da independência.”
Segundo ela, quando o problema se junta às doenças e ao uso de medicamentos, o idoso se torna mais vulnerável e há prejuízo na sua qualidade de vida. “A negação por parte dele e de seus familiares conduz ao retardo do tratamento, sendo que pequenos ganhos fariam muita diferença para a saúde global desta pessoa”, complementa.
O paladar e o olfato afetam o apetite, as escolhas alimentares e a ingestão alimentar. O gosto e o cheiro das refeições servem para preparar o organismo para a digestão. Porém, com o avanço da idade, eles são sentidos com menor intensidade, sendo que o gosto depende do sabor e, também, do aroma dos alimentos. “Entre os idosos, é comum o uso de medicamentos para doenças crônicas. Nesse caso, a alteração do paladar se agrava ainda mais”, ressalta a professora da PUC-SP.
“Claro que o risco é maior para aquele idoso que vive sozinho, prepara seu alimento sem variabilidade e é deficiente em nutrientes e segurança – afinal, ele pode ingerir algo estragado sem se dar conta, ou pratos muito quentes ou frios, lesando a cavidade oral”, alerta a doutora Maria Beatriz.
Sabe-se que o idoso tem uma diminuição de sensibilidade ao sabor salgado, enquanto o doce, muitas vezes, é percebido normalmente. “Isto pode gerar uma série de consequências. Se ele for hipertenso, por exemplo, deveria fazer restrição de sal”, comenta. “Por outro lado, deve-se ficar atento à mudança da cavidade oral – ou seja, lesões periodontais, ausência de dentes, próteses mal adaptadas, infecções como candidíase, entre outros fatores que alteram o prazer de comer.”
Além disso, muitos medicamentos, como antidepressivos, anti-histamínicos e anti-hipertensivos (aqueles que deixam a boca seca) interferem na gustação. “Alguns deles ainda acarretam deficiência de zinco, que é causa de alteração do paladar”, conta a médica.
Assim, é muito importante verificar quais são as escolhas alimentares das pessoas da terceira idade e como está seu apetite, paladar, boca, deglutição, digestão – enfim, seu estado nutricional –, uma vez que mesmo o idoso independente pode apresentar uma série de hábitos alimentares com possível prejuízo ao longo do tempo.
Um exemplo bastante comum é a preferência por alimentos industrializados contendo glutamato monossódico, como temperos de macarrão instantâneo, salgadinhos industrializados ou caldos prontos. “Eles podem ocasionar danos à saúde, como lesão cerebral, arritmias cardíacas, alguns tipos de câncer, entre outros. Este glutamato é diferente daquele encontrado nos alimentos naturais, como tomate, chá verde e frutos do mar. Por outro lado, ervas naturais podem realçar o sabor, estimular a secreção salivar e aumentar a ingestão alimentar.”