Segundo pesquisa da World Obesity Federation, que reúne profissionais e organizações de 50 países, o Brasil pode ter a maior população de obesos do mundo dentro de quinze anos. O próprio Ministério da Saúde divulgou dados comprovando que o país pode sofrer uma verdadeira epidemia de obesidade em pouco tempo.
A infância está no cerne do problema. De acordo com levantamentos do órgão governamental, mais de 30% das crianças com menos de dois anos tomam refrigerantes e suco de caixinha. Cerca de 60% delas comem, ainda, bolacha recheada, biscoitos e bolos prontos. Além disso, 82 milhões de pessoas com 18 anos ou mais estão acima do peso.
A nutróloga e endocrinologista Tatiana Camargo Pereira Abrão alerta para o fato de que os cuidados com a alimentação devem ter início logo na infância. “Os dados do Ministério da Saúde, a literatura médica e os resultados de várias análises demonstram claramente que o consumo excessivo de alimentos e bebidas não saudáveis nos primeiros anos de vida representa um sério problema.”
A médica ressalta que a facilidade de encontrar esses produtos nos supermercados pode ser um dos grandes vilões dessa guerra. “É preciso ter consciência de que os sucos de caixinha, os iogurtes, as bolachas recheadas, os salgadinhos de pacote e similares contêm muito açúcar. O ideal seria trocá-los por frutas e legumes”, reforça.
A obesidade infantil é muito preocupante. Ações foram adotadas em alguns estados; entre elas, leis que proíbem a venda de guloseimas e refrigerantes nas escolas. “A mídia é outro inimigo: é comum vermos, na televisão e nas revistas, campanhas publicitárias estimulando o consumo de alimentos pouco saudáveis”, pontua a médica.
As atividades físicas também estão em baixa: as crianças passam mais tempo em frente aos videogames, computadores e celulares do que o recomendado. “Infelizmente, fatores urbanos como a violência fazem com que os pequenos brinquem somente dentro de casa”, reflete Tatiana. “Uma alternativa é reunir a família e praticar esportes em grupo, como natação, caminhada ou futebol.”
A especialista aponta alguns dos principais impactos da obesidade infantil. “Na fase adulta, podem surgir hipertensão arterial; diabetes mellitus; problemas nos ossos e articulações dos joelhos, coluna e tornozelos; aumento do colesterol ruim e do índice de triglicérides; além de asma e aumento do risco de câncer. Estas patologias, por sua vez, podem levar a sérias complicações e limitações”, finaliza.