Reclamações crônicas podem representar um perigo à saúde física e mental

Todos nós já reclamamos sobre diversos aspectos da vida, seja sobre o trânsito, o trabalho ou os hábitos irritantes do nosso convívio. De acordo com Robin Kowalski, professor de psicologia da Universidade Clemson (EUA), reclamar é tão natural quanto respirar.

Na internet, esta prática é ainda mais presente: as redes sociais parecem amplificar e, em alguns casos, incentivar a indignação das pessoas. Estamos imersos em plataformas que dão voz para nossas insatisfações – e, muitas vezes, exacerbando nosso foco no negativo. Este comportamento, recompensado por curtidas e compartilhamentos, cria um ciclo que se assemelha a um vício.

O grande desafio é quando a reclamação deixa de ser um desabafo esporádico e se transforma em um hábito recorrente, tanto no mundo virtual quanto fora dele. Estudos, como o realizado por Margot Bastin, da Universidade KU Leuven (Bélgica), sugerem que essa constante negatividade pode pavimentar o caminho para condições mais sérias, como a depressão.

Desabafo vs. reclamação crônica

Todos nós precisamos desabafar ocasionalmente, especialmente após situações estressantes. Contudo, há uma linha tênue entre expressar uma frustração ocasional e tornar-se um reclamão crônico. A frustração, quando usada de forma construtiva, pode ser um impulso para a mudança, incitando a ação, inspirando criatividade e impulsionando a maturidade. Em contraste, a reclamação constante cria um ciclo de negatividade.

Efeitos tóxicos das reclamações constantes

A frustração pode alimentar nosso desejo por crescimento e conquistas, mas reclamar cronicamente tem efeitos adversos. Essa prática pode afastar amigos e familiares, gerar mais tensão nos relacionamentos, desencadear sintomas físicos e drenar a energia, afetando a criatividade e a proatividade.

Ao reclamar, o corpo libera cortisol, o hormônio do estresse. Embora benéfico em situações de perigo – ao acionar o mecanismo de “lutar ou fugir” –, em excesso e na rotina moderna, essa resposta aumenta os riscos de problemas como diabetes, doenças cardíacas e derrames.

Somado a isso, devido à nossa natureza social, os cérebros tendem a sintonizar com os humores daqueles ao nosso redor, tornando a exposição contínua às reclamações algo semelhante ao tabagismo passivo.

Como reclamar de forma eficaz

  • Autoavaliação: monitore a frequência e as circunstâncias em que você reclama.
  • Mindfulness: práticas de atenção plena ajudam a reduzir a ruminação mental e a centrar-se no momento presente.
  • Reflexão: mantenha um diário para organizar e processar pensamentos e emoções, diferenciando desabafos construtivos de meras reclamações.

Se você reconhece um padrão de reclamações em sua vida, é vital redirecionar essa energia. Autoanálise, ação corretiva e redirecionamento positivo são estratégias para uma abordagem mais saudável. Identificar a raiz da frustração e reajustar nossos padrões de reclamação é o primeiro passo para uma mudança significativa.

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