As colunas de basalto de Tojinbo, no Japão, são um dos 50 pontos do país onde são registradas as maiores taxas de suicídio. O desfiladeiro fica 24 metros acima do Mar do Leste e, geralmente, é acessado após uma viagem de trem e outra de ônibus.
É ali que o policial aposentado Yukio Shige (73) se mantém a postos quase todos os dias, há quinze anos. Com seus binóculos, ele observa atentamente a movimentação, buscando pessoas que pareçam estar precisando de um ombro amigo.
Graças a ele, 609 homens e mulheres desistiram de saltar do penhasco.
Entre os países desenvolvidos, o Japão perde apenas para a Coreia do Sul em índice de suicídios: são 17 mortes para cada 100 mil habitantes. O sexo masculino corresponde à grande maioria das vítimas. Na faixa etária dos 15 aos 39 anos, esta é a principal causa de óbitos, superando até mesmo o câncer.
A pressão generalizada é um dos principais motivos que levam a esta decisão. Quadros depressivos, problemas familiares, desemprego e altas expectativas na escola e no trabalho são extremamente nocivos à saúde mental.
Felizmente, aos poucos, este cenário está mudando. Em 2016, foi registrado o menor número de suicídios em 22 anos: ao todo, foram 22 mil casos. Para se ter ideia, no fim dos anos 90, a soma era de 33 mil ao ano, movidos sobretudo pela grave crise econômica da época.
Yukio relembra que, no período em que trabalhou como oficial em Tojinbo, ele frequentemente removia corpos do mar. Em 2003, conversando com um casal idoso que estava sentado num banco, descobriu que ambos estavam seriamente endividados e planejavam pular do penhasco ao fim do dia. Eles foram encaminhados a uma entidade de assistência social, porém, acabaram sendo liberados. Cinco dias depois, foram encontrados mortos.
Hoje, Yukio conta com 20 voluntários, que o ajudam a salvar vidas em Tojinbo. O grupo também adquiriu um drone, que facilita o patrulhamento do local.
E no Brasil?
Por aqui, você pode recorrer ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pelo 141. Caso prefira, existem outros meios de conversar com um voluntário – incluindo Skype, chat online e e-mail. Acesse e saiba mais: www.cvv.org.br.
(Com informações de LA Times)